sexta-feira, 8 de agosto de 2025

AMOR QUE JÁ DEIXOU DE SER


 Dás-me a mão

mas estás sempre com pressa

 

Dizes que gostas de mim como sou

mas tentas mudar os detalhes

 

E eu, que finjo não notar

vou moldando o riso

até já não saber se é meu

 

Dormimos juntos

mas sonhamos sozinhos

 

Acordamos de costas

numa cama onde sobra o meio

 

Queres estabilidade

mas não suportas rotina

 

Queres paixão

mas não sabes o que fazer com ela quando chega

 

Eu digo que está tudo bem

mas ando a traduzir silêncios

como quem decifra códigos de guerra

 

Prometemos sinceridade

mas praticamos diplomacia

disfarçamos mágoas com ironias

guardamos mágoas como trunfos

 

E ainda assim, há dias bons

café feito antes de eu acordar

um riso partilhado no meio do caos

um gesto simples, que por segundos

parece amor sem esforço

 

Mas depois volta o ruído

pequenas falhas que gritam alto

aquela sensação de que estamos

sempre a tentar salvar algo

que talvez já não queira ser salvo.

 

Mário Margaride


3 comentários:

  1. O teu poema toca fundo na alma — fala do amor que muda, que se apaga lentamente, mas que deixa marcas inesquecíveis. Obrigada por partilhares essa honestidade poética.

    Com amor,
    Daniela Silva 🩷🦋
    alma‑leveblog.blogspot.com — espero pela tua visita no blog

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  2. Querido Mario, precioso poema.
    Cuando el amor se va, llega el silencio y no hay que aferrarse a una rutina que no te hace feliz, me encantó
    ♥♥♥Querido amigo♥♥♥
    ♥Te deseo de todo corazón un♥
    ♥¡Feliz fin de semana!♥
    ♥Abrazos y te dejo besitos♥

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  3. Olá, amigo Mário!
    Nunca li um poema tão cheio de realidade de um relacionamento que virou rotina e que apenas somam anos juntos, não mais.
    O mundo ainda tem muitos assim. É pena!
    Morre-se sem se ser feliz, de fato.
    Muito bem construído e sensível.
    Tenha um final de semana abençoado!
    Abraços fraternos de paz

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