quinta-feira, 14 de agosto de 2025

DEPOIS DO FOGO


 Foi como cair

sem escadas, sem chão

apenas o impulso do corpo

a obedecer a algo que não era razão

 

Estavas ali...

e isso bastava

para que tudo o resto deixasse de importar

 

As promessas

os medos

a vida antes de ti

nada mais tinha voz

 

Tocaste-me

como se o mundo estivesse a acabar

e eu deixei

 

Porque, naquele instante

acabar

parecia mais suportável do que resistir

 

Era paixão, dizem

mas era mais do que isso...

era uma espécie de fúria

uma necessidade de perder-me em ti

até não sobrar nome

nem memória

 

Fomos tudo de uma vez

rápido, intenso, impossível

 

E como tudo o que queima depressa

ficámos em cinzas

 

Agora

olho o vazio

que ficou onde antes havia pele

e percebo

não era amor

era só uma explosão

de tudo o que não sabíamos segurar.

 

Mário Margaride




Um comentário:

  1. Boa noite, Mário, rendo-me aos teus versos. Belíssima poesia! Aplausos. Muita luz e paz. Um ótimo final de semana. Abs

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